Depois do Cafezin #20: Especial Uruguai 2019 - Parte 01
11 dias no uruguai, cinco lugares diferentes, sem muito planejamento, e a coicidência de chegarmos nos períodos festivos das cidades.
🎧 Leia ouvindo “No Me Importa el Dinero” de Los Autenticos Decadentes part. Julieta Venegas
Em triste coincidência, escrevo esta edição na semana do falecimento de Pepe Mujica.
Esta será uma série de cinco edições especialmente sobre o Uruguai. Cada edição será sobre uma ou duas cidades visitadas.
Iniciemos por Valizas e Cabo Polônio:
BRASIL, NOVEMBRO DE 2018
Eu e Cintia estávamos iniciando o namoro naquele ano, um casal se conhecendo, mas que tinha ideias de viagens muito parecidas — algo que ajuda muito! —, então pensamos em viajar nas férias de verão de 2019 para o Peru. País que temos muita curiosidade de conhecer, e digo temos, pois ainda não fomos.
Pesquisando sobre o país, vimos que nas duas semanas em que estaríamos de férias era o período de chuvas, inviabilizando a maioria dos lugares turísticos. Mas sabíamos que iríamos viajar. Em seguida, cogitamos o Chile, mas, por pouco tempo, batemos o martelo no Uruguai. Dizer que temos curiosidade é repetitivo, pois temos curiosidade por todos os países da América Latina.
BUSCAS EM BLOGS, VÍDEOS E AMIGOS
Tínhamos dezembro e janeiro para verificar os documentos necessários, lugares para visitar, e assim fizemos. Nesse caso, muito mais a Cintia do que eu.
Encontramos um blog de um casal brasileiro que fez um mochilão no Uruguai e indicou algumas cidades; praticamente fizemos quase a mesma rota, com leves desvios: Valizas para visitar Cabo Polônio, Montevidéu, Colônia do Sacramento, Punta del Este e Punta Ballena.
Confesso que não me recordo o blog, mas se eu encontrar, atualizo aqui.
BRASIL / URUGUAI 2019
CARTÕES VISA E CASHBACK
Visto as dicas de lugares e pontos para conhecer, recebemos toques maravilhosos de uma amiga, Raiane, que havia viajado há pouco tempo para lá. Dois deles eram: pagar no crédito e guardar as notas para reaver o valor do imposto — programa do governo para os turistas. Se você não é de lá, dependendo do produto, consegue reaver ao retornar. O cartão também oferecia preços diferenciados para quem não era do país. Inclusive, dê preferência aos seus cartões VISA.
Meu cartão de crédito principal era Mastercard, logo, meu limite no VISA era baixíssimo. Contudo, até que consegui dar uma leve aumentada. Grande parte dos estabelecimentos não aceitava Mastercard — ele ainda estava começando a ser aceito no país. Agora, seis anos depois, deve ser comum.
Quando já estava no Brasil, comentei essa experiência com um colega e ele, de pronto, me respondeu:
— A propaganda já dizia, né? O mundo vai de VISA.
Aquilo ali me pegou. A mensagem da propaganda bateu forte.
DOCUMENTOS
Já ouviu falar na Carta Verde? Pois é, pensou em viajar, já entre em contato com seu corretor de seguros para providenciar.
A Carta Verde é um seguro de responsabilidade civil internacional obrigatório para veículos que circulam pelos países do Mercosul (Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil), garantindo cobertura em caso de acidentes envolvendo danos a terceiros.
Você não consegue entrar no país sem ela, mas o povo é esperto: já na fronteira há várias placas que a oferecem. O preço? Lá em cima, pois sabem que a pessoa pagará “desesperada”.
Descobrimos isso na semana da viagem, mas nosso corretor prontamente nos atendeu. Estava tudo certo e o seguro “cobre” a carta verde!
TUBARÃO/SC – PORTO ALEGRE/RS – CHUI/CHUY – VALIZAS / ROCHA, URUGUAI
A jornada se iniciava. Naquela fase, eu estava há anos sem dirigir, não pegava estrada, então precisava ser um bom copiloto. A primeira parte foi leve: 3h30 até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Dormimos na casa dos meus padrinhos, Osmar e Bete, já citados em várias edições.
Pela manhã, tomamos nosso clássico café, e eu aproveitei minhas bisnaguinhas — uma especiaria que a tia sempre compra quando sabe que vou.
Logo depois, seguimos rumo ao Uruguai.
6h07 (519,8 km) via BR-116 e BR-471
Estávamos no Chui — cidade metade brasileira, metade uruguaia.
Essas cidades fronteiriças não costumam representar de fato o país. São um amontoado de pessoas indo para comprar coisas baratas, e lojas criadas exatamente para isso. E assim funciona: shoppings cheios...
Lojas grandes com TAX FREE… Tantas pessoas que me deu um abafamento. Contudo, os preços realmente valiam a pena.
Dólares compramos em Tubarão mesmo — hoje é tão mais prático comprar dólar e, poxa, 2019 foi ontem, mas, nessas horas, percebemos como tudo evoluiu. Entretanto, uma dica que recebemos foi comprar o chip telefônico lá, com internet. Pagamos um valor bem ok, e deu tudo certo. Almoçamos e seguimos mais uma hora e meia até nossa cabana em Valizas.
No caminho, logo após o Chuy, paramos na “fronteira oficial” e demos entrada no país apresentando os documentos. Para controle de entrada e saída.
A ACONCHEGANTE CABANA EM VALIZAS


O local em que ficamos era praticamente um vilarejo praiano. A cabana rústica pertencia a uma professora de inglês, que nos recebeu muito bem e explicou que ficaria em um aposento menor nos fundos do terreno — um quartinho onde ela se hospeda quando aluga a casa. Contou que, entre determinado horário e outro, a internet ficaria mais lenta, pois são os momentos em que ela ministra suas aulas.
Para nós, tudo certo, pois o que menos queríamos era ficar conectados. Na verdade, o que queríamos mesmo era cochilar antes de caminhar.
O ambiente ao redor era de um verde intenso — ainda mais verde do que os cantos mais afastados aqui do estado. Ainda que verde, por aqui os tons são mais opacos; lá, a saturação era forte, tanto no verde quanto no céu azulado. A cabana, em meio às grandes árvores, tinha uma charmosa mesa de madeira sob uma árvore menor. As janelas e portas contavam com mosquiteiros que há anos não víamos — e que bom que tinham, pois, como em qualquer lugar mais afastado, há sempre o horário em que “os bonitos” começam a trabalhar.
O PASSEIO NOTURNO





Caminhamos em linha reta. Na ida, admiramos as lojas do lado direito; na volta, as do lado esquerdo. A estrada de terra culminava na praia. A noite, com seu delicioso frio, era iluminada por luzes amareladas de lâmpadas incandescentes vindas de estabelecimentos em madeira rústica e aparente, ou de tendas ao longo da estrada.
Vilarejo praiano — natural que grande parte dos produtos fosse artesanal. Muitos alimentos, cerâmicas… dos mais variados tipos. E algo que percebemos em todas as cidades: livros. Muitos livros. Lá, os livros têm um valor mais “salgado” — e, para eles, está tudo bem. Consomem, compram “sem dó”. Isso me chamou a atenção, pois aqui seguimos em campanhas para ampliar o interesse pela literatura, baixar preços… Fiquei surpreso ao encontrar os clássicos álbuns de Hergé, de Tintin, o clássico franco-belga. E, além disso, encontrar pouquíssimos livros de “mentores” sobre como enriquecer ou livros de autoajuda — o que, infelizmente, ainda segue em alta aqui no Brasil.
Não ficamos muito tempo na rua — o friozinho pedia um vinho, alguns queijos e uma conversa tranquila admirando a noite estrelada. Por falar em estrelas, aproveitamos e montamos o telescópio, o céu pedia ser observado com atenção. Em seguida, admirados com a noite, e já sonolentos do vinho, fomos dormir. Afinal, no dia seguinte precisaríamos acordar cedo, pois nosso destino era Cabo Polônio. Lá, por ser uma reserva natural, é preciso chegar cedo para pegar um “caminhão/ônibus” especial que leva até a área protegida.
CABO POLÔNIO
Na manhã seguinte, levantamos cedo, passamos um café clássico no bulê em um fogãozinho charmoso. Cintia, enquanto isso, arrumava a mesinha lá fora, embaixo da árvore para que, mesmo rápido, tomássemos um bom café e, claro, um dulce de leche que a anfitriã nos presenteou.
Antes de sairmos, preparei o chimarrão para garantir o mate do dia. Agora, arrumados, pegamos nosso guerreiro COLBALT LTZ 1.8 2013, — seguimos com esse lutador, em seus quase 300 mil Km rodados e muita história! — e fomos rumo à reserva.
Foram 45 minutos até a entrada. Ruta 10-Juan Diaz de Solis/Trajeto 10 e Entrada a Cabo Polônio.
Feito o pagamento, fomos para as jardineiras, os caminhões/ônibus que nos levam até a reserva. Do portal até ela em si levam uns 5 a 10 minutos, por ai…
Em Cabo Polônio não tem energia elétrica, água encanada… É uma real reserva natural. Há estabelecimentos como restaurantes praianos, pequenas lojinha e muita praia e beleza. É o ponto onde os leões, lobos e elefantes marinhos se encontram.
O farol
Reconhecido como Monumento Histórico Nacional do Uruguai em 1976, o Farol de Cabo Polônio foi construído em 1881 e é um marco histórico e símbolo do vilarejo. Com 27 metros de altura e 132 estreitos degraus, das quais subimos com parcimônia, a visão é lindíssima!
Naquele dia em específico, segundo uma moça da região, tinham poucos lobos, leões e elefantes, entretanto, eu e Cintia já estávamos maravilhados com a quantidade que víamos. São lindos, grandes, fortes e nos surpreendia a força que tinham para, com aquele peso, escalarem as altas rochas.
Cintia me fotografou filmando um deles, na sorte peguei dois:


Após as fotos, sentamos em algumas pedras e ficamos longos tempos conversando e admirando a vista. Fotos e vídeos não faltam, foi uma experiência maravilhosa. Indicamos muito! Depois, retornamos para Valisas curtir o final da tarde, dar mais mais uma volta no festival que estava tendo, com músicas ao vivo na praia, as tendas já citadas… E retornamos para a cabana, pois no outro dia partiríamos para Montevideo.
Contudo, deixarei essa parte para a próxima edição, que será focada na capital uruguaia. Ela merece uma edição só para ela.
CURIOSIDADES:
Valizas
Barra de Valizas é um pequeno vilarejo litorâneo no departamento de Rocha, conhecido por suas ruas de areia, casas simples e ambiente tranquilo. É um destino popular entre viajantes que buscam contato com a natureza e uma experiência mais autêntica, longe do turismo de massa. Além disso, Valizas serve como ponto de partida para caminhadas até Cabo Polônio, oferecendo trilhas que atravessam dunas e paisagens deslumbrantes.
Jardineiras: o transporte exclusivo para Cabo Polônio
O acesso a Cabo Polônio é restrito a veículos autorizados devido à sua localização dentro de uma reserva natural. Os visitantes utilizam caminhões adaptados, conhecidos como "jardineiras", que partem do Centro de Atendimento ao Visitante. O trajeto de aproximadamente 8 km atravessa dunas e florestas, proporcionando uma experiência única. O serviço opera diariamente, com horários regulares
Montevidéu: uma cidade apaixonada por livros
Montevidéu destaca-se por sua rica cultura literária, abrigando mais de 60 livrarias ativas, o que representa uma das maiores concentrações per capita do mundo. Entre elas, destaca-se a Librería Más Puro Verso, localizada em um edifício histórico no centro da cidade, oferecendo uma seleção cuidadosa de títulos, especialmente em literatura latino-americana.
Moeda e formas de pagamento no Uruguai
A moeda oficial do Uruguai é o peso uruguaio (UYU). No entanto, em áreas turísticas e cidades de fronteira, é comum que estabelecimentos aceitem dólares americanos e reais brasileiros. Apesar disso, é recomendável utilizar pesos uruguaios para obter melhores taxas de conversão. Cartões de crédito internacionais também são amplamente aceitos, e o país oferece programas de reembolso de impostos (Tax Free) para turistas em determinadas compras.
Fontes:
Leões – Marinhos no verão de Cabo Polônio
Cabo Polonio, rumo a essa vila utópica
Montevidéu, a cidade com uma livraria em cada esquina
Peso uruguaio vale a pena? Descubra que moeda levar para o Uruguai
Nossa, me bateu uma saudade danada do Uruguai! É daqueles lugares que pra mim vez ou outra terei que voltar 🥹 Cabo Polônio é incrível, né? Fomos num dia que tinha mais leões marinhos do que rochas kkkkk Estava surreal!